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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Artigo: O que é o Virtual


1 - A Virtualidade na Atualidade
Uma dos temas responsáveis pelos debates mais animados, em nosso final de século, é o da virtualidade. ‘Virtual’ é um dos termos mais usados, para a descrição de construções e organizações da alta modernidade. Para exemplificar, uma consulta no mecanismo de busca AltaVista por virtual ou virtualidade nos traz mais de trinta e seis milhões de ocorrências.
São possivelmente virtuais os nossos universos, realidades e comunidades; encontros, sexo e relacionamentos; empresas, amigos e animais de estimação; apenas para começar. Sendo um conceito de utilização tão ampla, seria natural que seu significado divergisse, para conter tal gama de categorias. Mas afinal, o que é o virtual ? Muitas propostas e definições são apresentadas, por diversos autores, para tentar abarcar esta diversidade.
Sob certo ângulo, as linguagens apresentam-se como ferramentas não neutras de interação com o que é externo ao intelecto, carregando consigo uma concepção mutante de visões de mundo, preconceitos, conhecimentos e idéias. A construção de significados é constante, e obedece à uma dinâmica similar ao da concepção de artefatos e técnicas, onde os diversos grupos de interesse, com diferentes influências, determinam o formato final assumido. Mas diferentemente dos artefatos, as palavras podem continuar iguais e assumir significados diferentes para grupos e coletividades distintos, dividindo, dissolvendo, destruindo e reconstruindo suas significações de acordo com a direção assumida por este complexo caótico de tendências. O ‘Efeito Babel’ na linguagem tem, portanto, uma ação de ‘balcanização’ de significados – para utilizar uma palavra recentemente cunhada – que não contribui para a epistemologia do objeto de estudo.
Meu objetivo neste artigo é apresentar algumas das visões de virtualidade na atualidade tentando captar a direção que assume o seu significado, e contribuir para a cartografia semântica do virtual. Com isso, pretendo estimular a discussão sobre a adequação e o grau de aplicabilidade dos termos virtual e virtualidade, às diversas situações estudadas e vivenciadas. Trabalharei com definições formais e com a análise de virtualidade realizada por Pierre Levy [Levy, 1996].
2 - O Que Foi o Virtual ?
A despeito dos trocadilhos, podemos dizer que as definições vernaculares, enquanto palavras impressas e cristalizadas, e por sua necessidade de abrangência, não são, para o vocabulário da modernidade, fontes de referência seguras. Mas são bons pontos de partida.
A palavra Virtual – que vem do latim medieval Virtuale ou Virtualis, tendo mantido seu radical no latim Virtus (que significa virtude, força, potência) – é apontada na língua portuguesa, entre outras definições, como:
  • O que existe como faculdade, porém sem exercício ou efeito atual
  • Que não existe como realidade, mas sim como potência ou faculdade
  • O que é suscetível de se realizar, potencial, possível
  • Que eqüivale a outro, podendo fazer as vezes deste, em virtude ou atividade
  • O que está predeterminado, e contêm todas as condições para sua realização
Na acepção anglo-saxônica, um apanhado de definições da palavra virtual a define como:
  • Algo que embora não exista estritamente, existe em efeito
  • Algo que é tão próximo da verdade que para a maioria dos propósitos, pode ser considerado como tal
  • Algo que existe em essência ou efeito, embora não seja formalmente reconhecido e admitido como tal
  • Algo cuja existência só pode ser inferida por uma evidência indireta
Estas definições são bem sucedidas em passar uma idéia do que seja virtual, mas nos levam, freqüentemente, a contradições, quando nos deparamos com os exemplos práticos de utilização, ou até mesmo quando confrontadas entre si. A cada caso estudado, talvez seja conveniente escolher a mais apropriada, não sem percalços ou sem incorrer em licenças semânticas.
Ao estudarmos, porém, as aplicações específicas, observamos a extrapolação e construção ad hoc de novos sentidos, e podemos observar um agrupamento dos exemplos num conjunto mais ou menos definido de categorias, que por vezes se relacionam com os enumerados acima. Estudarei estas categorias com mais detalhes adiante. Antes de analisarmos as vertentes do virtual, vamos conhecer algumas contribuições significativas de estudiosos contemporâneos.
3 - O Virtual de Levy
O francês Pierre Levy é um dos autores mais importantes, ao menos academicamente, na construção e estudo do significado do virtual. Em seu livro "O Que É O Virtual" [Levy, 1996], apresenta uma interessante concepção de Virtualidade. Tão importante e aceito é este trabalho, que poderíamos supor o objetivo deste artigo, no mínimo, desnecessário. Entretanto, como foi comentado, a tarefa de definição estrita do significado de palavra tão amplamente utilizada, à luz dos diversos exemplos, acaba por esvaziar a força e coerência da definição. Mas o valor de sua contribuição é tal que a usaremos para balizar e contrapor os exemplos do resto deste artigo, e suas idéias permeiam nossas proposições.
Para começar, Levy desmistifica uma falsa oposição entre o real e o virtual. Virtual, deve ser considerado como algo que existe em potência; "complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução, a atualização.". [Levy, 1996, pág. 16]
Neste sentido, o virtual se oporia ao atual; o movimento de atualização seria como a resolução constante do nó de tendências que constitui a virtualidade; a solução assumida a cada momento pelo que potencialmente a entidade pode ser; resolução do problema representado pela virtualidade. O real, por sua vez, assemelharia-se ao possível; este que "já está todo constituído, mas permanece no limbo. O possível se realizará sem que nada mude em sua determinação ou natureza. É um real fantasmático, latente. O possível é exatamente como o real, só lhe falta a existência" [Levy, 1996, pág. 16]. As relações entre o Potencial (possível), o Real, o Virtual e o Atual, são explicitadas segundo o quadro abaixo [Levy, 1996, pág. 145].

fig.1 – As relações entre os quatro pólos, segundo Levy
Neste ponto, começam a aparecer contradições. Será o possível um "real latente" ? Esta idéia, creditada por Levy a Deleuze [Deleuze,1968, p.169-176] soa estranha. O possível é tão problemático e reconfigurável quanto o virtual; igualmente não acontece sem que sejam descartadas – pela flecha do tempo e rumo dos acontecimentos – as diversas outras possibilidades excludentes que se afiguram a partir de uma dada situação inicial. E só se atualiza no futuro – enquanto presente imediatamente posterior – aquilo que, a partir das condições momentâneas e igualmente dinâmicas do problema atual, se mostra possível, passível de acontecer. O caráter dinâmico do virtual e o estático do possível são construções arbitrárias.
Da definição de Levy, poderíamos supor que o virtual nunca acontece no atual, nunca é manifesto. Como diz, faz parte do polo do latente, responde ao atual. Mas, se analisarmos esta concepção em última instância, só o atual apresenta existência, na sua mutabilidade deslizante no tempo. Daí, poderíamos concluir que o virtual não existe no agora; é a gama reconfigurável de possíveis resoluções de um problema. E isso excluiria grande parte da aplicabilidade atual do termo virtual, mesmo se considerarmos a existência em um sentido lato. Causa estranhamento o fato de que cada entidade virtual necessite do auxílio do tempo para se atualizar, fazer parte do manifesto. Pois, se já é atual, não é mais virtual. A fotografia já foi tirada. O barro outrora moldável já secou.
Mais adiante, para sustentar seus exemplos subseqüentes e tentar ampliar a aplicabilidade de seu cabedal teórico, Levy se rende e reconhece características de um virtual mais próximo do senso comum, embora não coerente com sua própria definição: Virtual seria aquilo que apresenta um desprendimento do aqui e agora, ou talvez o que não está presente [Levy, 1996, p.19]. Ora, se abandonarmos a perspectiva relativística Einsteniana, podemos separar o tempo e o espaço, ao menos para fins de análise.
Em primeiro lugar, digamos que o virtual apresente uma independência do aqui: O que é o aqui, se o locus de qualquer representação, experiência ou entidade do mundo real acontece, na perspectiva humana, em nossas estruturas cognitivas ? Podemos facilmente admitir que as operações mediáticas da tecnologia da virtualidade fazem com que as distâncias geográficas não sejam mais empecilho para a interação de subjetividades, mas isso é diferente de abolir totalmente o aqui, enquanto perspectiva de vivência cognitiva pessoal. Da mesma forma, seria errôneo interpretar a intangibilidade e alto grau de abstração física dos espaços de interação mediados por redes eletrônicas como um rompimento espacial. Este espaço também não prescinde da interpretação e contextualização individual humana das experiências vividas, o que acontece no lugar do ser-aí, para usar uma expressão de seu livro [Levy, 1996, p.20]. Espaços virtuais ampliam e amplificam o intelecto, mas em última instância, mesmo que extrapolado em suas possibilidades interacionais com as coletividades, este mesmo intelecto continua a sediar a consciência. Alguém poderia afirmar então que, dada a ausência de ligação biunívoca entre estruturas neuronais e consciência, pensamento algum nunca esteve presente.
Após questionarmos os argumentos contrários a um desprendimento do aqui, vamos questionar a independência do agora. Novamente, podemos recorrer à simultaneidade temporal de qualquer ato, de qualquer pessoa, artefato ou entidade, enquanto posição do universo na flecha do tempo. Se podemos, através de dispositivos dessincronizantes, adquirir a liberdade individual de alocação de ações, seria ao menos perturbador supor que, para cada momento, não haja um retrato cristalizado universal de disposições situacionais – mais uma vez, abandonando as construções teóricas de tempo e espaço relativísticos. A falácia do movimento virtualizante poderia, neste caso, ser explicada pelos desencaixes possibilitados pela tecnologia, como nos mostra Giddens [Giddens, 1991, p.11-60], e ser assumida então como uma liberdade de construção intelectual. O que se observa é o aumento da distância permitida para a interação comunicacional, ou da quantidade de artefatos ‘buffers’ ou dessincronizantes, possibilitados pela tecnologia.
Um outro efeito apontado pelo movimento de Virtualização por Levy seria o Efeito Moebius, ou a inversão entre externo e interno, privado e público, próprio e comum [Levy, 1996, p.24-25]. Neste ponto, podemos abandonar a crítica e reconhecer no movimento virtualizante – e devido à ampliação das possibilidades pela tecnologia – uma extrapolação dos estados internos das entidades estudadas, sejam pessoas ou organizações, e uma interiorização acentuada, enquanto possibilitada pelo acesso em tempo real às informações, das situações coletivas e externas.
Numa obra mais recente, Cibercultura [Levy, 1999, p. 47-75], Levy novamente trata e por si só amplia sua concepção de virtualidade, admitindo para esta, no mínimo, três sentidos: Um sentido técnico, ligado à informática, um segundo de uso corrente e senso comum, e um terceiro, filosófico. Na acepção filosófica, virtual é o que existe em potência e não em ato, o que concorda com algumas de nossas definições. Neste sentido, Levy reconhece ser o virtual um dimensão muito importante da realidade. O segundo significado, corrente, pode ser associado à irrealidade, em oposição a uma realidade que supõe uma presença tangível (o que também pode ser questionado). A Realidade Virtual fascina porque, ao mesmo tempo, reúne a tecnologia, o intangível e o potencial, que se manifestam na experiência de imersão.
Para ampliarmos a utilização e evitarmos as contradições, poderíamos modificar a concepção original do virtual de Levy, para que defina uma atualidade mutante em si. Desta maneira, estaríamos nos aproximando de sua nova amplitude. Se as situações carregam em si suas virtualidades, podemos concordar com Levy que elas são constituídas destas. O Virtual pertence, neste caso, ao polo do manifesto, porque denota o quanto algo pode ser naquele momento. E o grau de virtualidade poderia indicar o quanto de possibilidades, ou potencialidades, que são vislumbradas naquele instante, no momento atual. O polo do latente é apenas uma construção, pois o que é latente em alguma entidade é parte inseparável das características desta entidade.
4 - As Muitas Virtualidades
Dos vários sentidos do virtual, podemos identificar claramente aqueles que são construções sociais e tecnológicas modernas, na maior parte das vezes possibilitados pelas redes de comunicação e dispositivos computacionais. Os outros virtuais, ou a concepção tradicional da virtualidade estão mais associados àquelas definições que encontramos nos dicionários.
O objetivo aqui é trazer luz a estas novas entidades e os significados que inauguram ou começam a perpetuar, traçando um panorama de significado do virtual associado às construções e instituições da alta modernidade e proporcionadas pela tecnologia. Para isto, será elaborado um quadro relacionando as características atribuídas aos diversos ‘virtuais’, assinalando a adequação das acepções levantadas em cada caso.
Escolhi, dentre os diversos espécimes da ‘nova virtualidade’, aqueles que considerei significativos e representantes desta abrangência. Como não existem trabalhos prévios e não há uma distinção classificatória que permita catalogar as novas entidades virtuais em categorias definidas, procurei suprir esta deficiência agrupando-os em cinco categorias a saber:
Categoria I
Produtos, disposições ou construções tecnológicas que objetivam ampliar serviços tradicionalmente oferecidos de outra forma
Categoria II
Produtos, disposições ou construções tecnológicas que prescindem de interação humana posterior para surtirem efeito / atingirem objetivos.
Categoria III
Produtos, disposições ou construções tecnológicas que possibilitam e ampliam a interação humana, e que existem enquanto houverem atores humanos (ou robóticos com comportamento similar) se utilizando destes.
Categoria IV
Produtos, disposições ou construções baseadas em tecnologia que possibilitam e ampliam a interação humana, criando contextos culturais e cognitivos que transcendem aos atores do momento.
Categoria V
Disposições de pessoas, grupos de pessoas e de processos que rompem com, ou extrapolam, as formas tradicionais de ser das entidades
Daí, procurei atribuir um valor de adequação das definições ao exemplo, variando de 0 a 3. Esta classificação contêm, por certo, um grau de subjetividade e arbitrariedade, mas pode, para nossos propósitos, ser considerada como uma proposta a ser melhor elaborada por pesquisas posteriores. Esta classificação indica o seguinte:
Valor
Grau de Aplicabilidade
0
Não há nenhuma relação ou associação com o sentido apresentado
1
Há pouca relação ou associação com o sentido apresentado
2
Há grande relação ou associação com o sentido apresentado
3
Há total identificação com o sentido apresentado
Daí, construímos o quadro abaixo:
Sentido
----------------------
Exemplos de Entidades Virtuais
Potencial, Possível
Pre-determinado
Quase Real, Quase verdade
Faz as vezes de
Existe apenas em efeito (*)
Fronteiras não definidas
Intangível
Possibilitado pela Tecnologia
Categoria I
Universidades
0
0
1
1
0
2
1
2
Bibliotecas
0
0
0
1
0
2
1
2
Lojas
0
0
0
1
0
2
1
2
Categoria II
Inteligência
2
0
1
1
1
2
2
3
Processamento
2
0
0
2
1
1
1
3
Memória
1
0
2
3
2
1
1
3
Realidade
1
0
2
2
1
3
3
3
Redes
1
0
1
2
2
1
1
3
Animais
0
0
1
3
1
0
0
3
Corpo
1
0
1
2
1
0
0
3
Categoria III
Bate-papo
0
0
0
0
0
2
0
3
Mensagens
0
0
0
0
0
1
1
3
Relacionamentos
0
0
0
1
0
1
0
2
Sexo
0
0
1
1
1
1
0
3
Operações Médicas
0
0
0
0
0
2
0
3
Categoria IV
Mundos
1
0
1
2
1
3
3
2
Comunidades
0
0
1
1
0
3
1
2
Categoria V
Trabalho
0
0
0
1
0
2
0
2
Organizações
1
0
1
1
2
3
1
2
(*) Não estamos considerando que mesmo as entidades que existem fisicamente, existem internamente à cognição apenas em termos de representações, tal como as que existem em efeito.
Do quadro, podemos perceber o progressivo abandono dos significados tradicionais do virtual nas construções da modernidade, e o estabelecimento quase unânime de um virtual que parece:
  • Possibilitado pela tecnologia
  • Desterritorializado, ou seja, não acontece em um lugar definido
ao mesmo tempo em que, se observa a fraca aplicação, para os exemplos escolhidos, dos termos:
  • Possível, potencial
  • Predeterminado
Desta forma, o gradiente do campo do sentido aponta para a tecnologia, distanciando-se de seu berço filológico, o que indica que devemos encontrar problemas para atingir um fechamento conceitual lato. Antes, devemos restringir nossa busca pelo sentido do virtual num mundo dominado pela Tecnologia de Informação.
5 - A Virtualização do Virtual
Após analisarmos a amplitude do sentido e aplicabilidade do virtual, vamos expor rapidamente o movimento de virtualização. Ainda recorrendo e adaptando as figuras de Levy, observamos os movimentos de virtualização do corpo (que assume potencialmente e em virtude da tecnologia os mais altos patamares estéticos e funcionais), do texto (que pulsa holográfico, se transforma e materializa nos suportes visuais e impressos da tecnologia) e da economia (que se dá a partir de transações e construções especulativas antes mesmo de suas materializações fugazes), entre outros exemplos. A virtualização é um dos nomes do movimento de extrapolação do concreto observável, de desencaixe causa-efeito, de ‘simultânização’ das trocas e disponibilidade de informações, e seus reflexos nas consciências humanas e entidades construídas. A virtualização do virtual é, então, o caminhar na função exponencial que, a todo momento, rompe com o estado anterior e torna mais imprevisível o estado posterior. Poderíamos comparar a virtualização a um sistema caótico onde o ritmo em que são acrescentadas novas variáveis excede amplamente a velocidade em que as existentes são mapeadas. A indefinição aumenta, e a taxa de aumento desta também cresce.
Pelo que observamos, este panorama é possibilitado pela digitalização da informação, e sua conseqüente ubiqüidade. Será a partir daí então que estarei procurando fechar as idéias apresentadas, na busca de uma definição.
6 - Em Busca de Uma Definição Comum
Muito do que poderíamos utilizar para apresentar um resultado final, uma definição comum, está espalhado ao longo do texto. Também podemos observar a incoerência e dificuldade de procurar uma definição estrita. Podemos, entretanto, a partir do que observamos, dado que estamos tratando de explicitar a acepção de utilização corrente, sugerir as seguintes propostas, baseando-se nos exemplos do quadro acima:
  • Virtualidade: Qualidade de entidade que denota seu grau de extrapolação do concreto; ou grau de rompimento com as formas tradicionais de ser e acontecer. Usualmente associada às extensões tecnológicas.
  • Virtual: Mediado ou potencializado pela tecnologia; produto da externalização de construções mentais em espaços de interação cibernéticos.
É claro que estas definições são também arbitrárias. Mas são tentativas de construção de um sentido que seja palpável e condizente com o que se observa nos exemplos escolhidos, que também fazem parte de uma escolha dentre muitos.
A ninguém ajuda o esvaziamento de sentido das palavras, embora devamos nos acostumar com sua fluidez. A língua é uma entidade viva, e os significados são, como disse, construções sociais, com características ligeiramente diferentes. Podemos esperar dos sentidos a mutabilidade ou a estabilidade, e das palavras, o ostracismo ou a difusão.
7 - Considerações Finais
Neste artigo procurei contextualizar a contribuição de Levy para a cartografia do virtual, ao universo das entidades tecnologicamente possibilitadas, reconhecendo-a em seu brilhantismo mas também apontando as inadequações e contradições. Também procurei mostrar a adequabilidade de certas concepções do virtual para a definição das construções da modernidade tecnológica. Há ainda pouca referência à estas construções, e seus efeitos na regulação sociotécnica. Na busca de fundamentação teórica e trabalhos prévios, pouco encontrei, além dos textos citados; o que denota a novidade do assunto e inconsciência reflexiva dos grupos intelectuais de ponta, ao estudar o fenômeno da virtualização. Para apreendê-lo, a cartografia semântica do virtual é apenas um pequeno passo que, espero, desencadeie no futuro análises mais completas.
Referências Bibliográficas
  1. Davidow, W. e Malone, M.; A Corporação Virtual, (1993) São Paulo, Pioneira
  2. Deleuze, Gilles; Différence et Répétition, (1968) PUF, Paris
  3. Giddens, A.; As Conseqüências da Modernidade (1991) São Paulo, Ed.Unesp
  4. Levy, Pierre; O Que é o Virtual, (1996) São Paulo, Editora 34
  5. Levy, Pierre; Cibercultura, (1999) São Paulo, Editora 34

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