Cientistas dos EUA dizem ter desenvolvido uma técnica para prever com mais precisão quais embriões têm mais chances de sucesso na fertilização in vitro.
A equipe, da Universidade Stanford, estudou a velocidade da divisão celular nos primeiros dias do desenvolvimento embrionário. Os que se desenvolviam em um determinado ritmo tinham mais chance de maturar na forma de “blastocistos”, prontos para serem implantados e fertilizados.
Publicado na revista científica Nature Biotechnology, o estudo pode ajudar a compreender o motivo pelo qual alguns casais não conseguem produzir embriões viáveis.
Vencedores
Um dos problemas da fertilização in vitro não é relacionado à fertilização em si, e sim à escolha dos óvulos que podem ter mais chances de derivar em uma gravidez bem-sucedida.
Em geral, acredita-se que os embriões que se tornam “blastocistos” – um grupo de 70 a 100 células – até o sexto ou sétimo dia após a fertilização são os candidatos com as maiores chances.
Diversas clínicas de fertilização in vitro, principalmente na Grã-Bretanha, têm esperado esse período antes de escolher embriões para implantação, mas a pesquisa da Stanford pode oferecer uma maneira mais rápida para fazer essa escolha.
Semelhanças
Os cientistas usaram câmeras que filmam sequências de fotos para observar o desenvolvimento de embriões descongelados. Descobriram que aqueles que evoluíram para “blastocistos” tinham semelhanças entre si quando estavam no estágio anterior.
Essas semelhanças estavam na maneira como as células se dividiam para formar outras duas novas células: a velocidade de uma parte da primeira divisão, o intervalo entre a primeira e a segunda divisões e, depois, se as as células resultantes se dividiam novamente em momentos parecidos.
Tudo isso normalmente acontece nos dois primeiros dias do desenvolvimento embrionário, oferecendo uma resposta potencialmente mais rápida para a dúvida de se um embrião tem ou não chances de sucesso.
Surpresa
Para Reijo Pera, professor que liderou o estudo, foi uma surpresa poder prever o processo com precisão.
“Sempre pensamos nos processos de vida ou morte do embrião, mas, na realidade, descobrimos que cada célula no embrião está tomando decisões de maneira autônoma. Ninguém havia observado isso antes.”
A ausência de estudos prévios reflete a falta de embriões humanos disponíveis para pesquisas. Testes em embriões de ratos são menos confiáveis porque a maioria deles chega ao estágio de blastocisto – o que não ocorre com humanos.
A embriologista Virginia Bolton, consultora do hospital Guy´s and St. Thomas, em Londres, opina que é improvável que a descoberta aumente as chances de sucesso das fertilizações in vitro na Grã-Bretanha.
Mas a especialista vê benefícios: “Esses dias extras usados na observação dos embriões envolvem muitos gastos – então, (o fato de ser possível identificar em menos dias qual embrião pode ser bem-sucedido) pode resultar em economia de dinheiro para os pacientes”.
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