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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Perfil dos professores

A nosso ver, a superação das barreiras para o uso efetivo de tecnologia nas
escolas depende de dois movimentos paralelos: do professor enquanto sujeito, no
sentido de se formar para uma incorporação tecnológica, e do sistema educacional,
enquanto responsável pela implantação das condições de incorporação da tecnologia na
escola.
Nas pesquisas sobre o papel que as “novas tecnologias” e as tecnologias de
informação e comunicação (TICs) poderiam desempenhar na educação matemática, e
nos documentos de propostas curriculares oficiais de diversos países, identificamos
grandes categorias de argumentos que caracterizam duas concepções. A primeira
concepção, que denominamos consumir tecnologia, está relacionada aos argumentos
que essencialmente sustentam serem as novas tecnologias e as TICs recursos poderosos
para ensinar e aprender matemática. As visões aglutinadas na segunda concepção, que
denominamos incorporar tecnologia, sustentam que ao se assenhorearem das novastecnologias e das TICs, transformando-as em ferramentas e instrumentos cognitivos,
professores e educandos mudam a forma de fazer matemática e mudam a forma de
pensar matematicamente. Algumas das visões subjacentes a essa concepção avançam ao
afirmar que as novas tecnologias e as TICs mudam a própria matemática que se ensina,
se faz e se aprende.
Talvez seja essa a concepção de uso da tecnologia mais comumente encontrada
na comunidade de professores de matemática. Ela é comum por ser muito difundida nos
discursos de autoridades educacionais. Também aparece e de forma mais intensa nos
discursos do marketing da indústria e do comércio educacional, aqueles agentes
econômicos e sociais que gravitam em torno dos sistemas educacionais. Em ambos os
tipos de discursos há uma ampla defesa de que a educação pode ser mudada pela
tecnologia, ou seja, produtos e processos tecnológicos seriam capazes de modificar os
processos de ensino e aprendizagem, tornando-os mais atrativos, motivadores, eficazes
e eficientes. Obviamente tais discursos não são neutros. Industriais e comerciantes
educacionais são movidos pelo interesse em criar mercados e consumidores para seus
produtos e serviços. Autoridades educacionais são principalmente movidas pelo desejo
de conseguir, ao mesmo tempo, ampliar a quantidade, melhorar a qualidade e diminuir
os custos dos serviços educacionais prestados pelo governo.

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